"O livro inteiro sou eu morrendo muitas vezes, de várias maneiras", ele diz. "E depois, sempre, me reinventando."
Hoje, aos 53, o músico reúne histórias como essa --algumas ainda mais pesadas-- na volumosa autobiografia "Lobão - 50 Anos a Mil".
O livro foi escrito com o jornalista Claudio Tognolli. Enquanto o biografado ia fundo nas próprias lembranças, Tognolli fazia a pesquisa factual: compilava notícias publicadas nos últimos 30 anos, recolhia os inúmeros processos judiciais que Lobão teve de responder, entrevistava outros personagens
As aventuras do mocinho se confundem sempre com a do bandido. Incluem um período de três meses na cadeia, condenado por porte e consumo de drogas. E, após a saída da prisão, uma relação íntima com traficantes e outros marginais nos morros cariocas.
Há contos divertidos, como o dia em que ele e a irmã obrigaram a mãe a fumar maconha. Ou o golpe que deu na Blitz, uma de suas bandas, escondendo deles que ia sair em carreira solo só para aparecer junto da turma numa capa de revista.
É mais que isso. A partir de sua trajetória turbulenta, Lobão traça um painel daquela geração da música pop brasileira, construída e consagrada entre o final dos anos 1970 e meados dos 1980.
Percorrem o livro, entre tantos, Marina Lima, Ritchie, Cazuza, Lulu Santos, Evandro Mesquita, os Titãs, a Gang 90, Herbert Vianna.
"Lobão - 50 Anos a Mil" termina quando o cantor chega a São Paulo para morar, em 2008. É vida nova. "O que mais me deixou orgulhoso é que o livro está bem escrito", diz. "Se, teoricamente, tudo o que eu contei ali fosse mentira, ele valeria como um bom romance."
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